Por que suprimir emoções negativas pode prejudicar crianças?

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Sumário

O que acontece quando ignoramos as emoções difíceis das crianças?

É importante refletirmos sobre o seguinte: as emoções — positivas ou negativas — têm papéis decisivos em nossa vida. Elas nos ensinam sobre o que gostamos ou não, quais são nossas necessidades e limites. Ignorar essas emoções é como silenciar um alarme de incêndio sem resolver a causa do fogo: o problema real continua ali, escondido e sem solução.

O que significa, na prática, suprimir esses sentimentos?

Imagine esta cena: seu filho volta triste da escola porque perdeu um jogo ou brigou com um amigo. Você, pensando apenas no desejo imediato de vê-lo sorrindo, rapidamente oferece um doce, o distrai com a TV ou simplesmente afirma: “Não precisa chorar, não aconteceu nada”.

Embora feita com boa intenção, essa abordagem envia uma mensagem inquietante para a criança: suas emoções negativas são inconvenientes — desagradáveis a ponto de precisarem ser evitadas ou escondidas.

O impacto emocional a longo prazo dessa repressão pode ser enorme.

Estudos da psicologia infantil destacam que crianças acostumadas a reprimir sua vulnerabilidade, tristeza ou frustração podem apresentar, mais tarde, dificuldades de inteligência emocional — aquela habilidade fundamental de compreender suas emoções, autorregular-se, empatizar com o próximo e construir relacionamentos saudáveis e maduros.

E essa falta de inteligência emocional também pode deixar adolescentes e adultos mais vulneráveis à ansiedade, depressão e isolamento social. Afinal, ao crescer sem saber o que fazer com suas próprias emoções negativas, é muito provável que a pessoa evite situações sociais ou relacionais que fujam do conforto emocional limitadíssimo com que se acostumou desde criança.

Aceitar emoções difíceis pode ser transformador.

É importante entendermos que não existem emoções erradas. Reforçar isso desde cedo para nossos filhos, acredite ou não, os torna emocionalmente mais saudáveis e resilientes. Por exemplo, quantos de nós adultos sofremos dificuldades em admitir uma fragilidade — o medo, insegurança ou tristeza — porque fomos ensinados erroneamente que isso era sinônimo de fraqueza emocional?

Falando abertamente de minha experiência pessoal: quando comecei a incentivar meus filhos a reconhecerem seus sentimentos negativos e permiti que expressassem essas emoções livremente em casa, em vez de obrigá-los a rapidamente “se sentirem melhor”, algo surpreendente aconteceu. Percebi que eles passaram a se recuperar das adversidades muito mais rápido.

Como ajudar nossos filhos a lidarem de forma saudável com sentimentos negativos?

Vamos para a prática! Quero compartilhar algumas estratégias simples e eficazes para incentivar uma convivência mais saudável dos seus filhos com essas emoções consideradas mais “difíceis”:

  1. Reconheça e valide o sentimento.

    Diga coisas como: “Eu vejo que você está triste. Deve ter sido difícil pra você perder a brincadeira. Quer conversar sobre isso?”. Quando nos sentimos acolhidos na nossa dor, apenas isso já traz alívio e relaxamento imediato.

  2. Ensine pela ação.

    Divida com seu filho histórias e situações nas quais você também sentiu algo difícil e fale sobre como lidou com essas emoções. Mostrar aos filhos que nós adultos sentimos tristeza, irritação ou ansiedade e que é totalmente normal expressarmos isso é uma lição poderosíssima de inteligência emocional.

  3. Incentive-os ao diálogo e à autorreflexão.

    Pergunte coisas como, “o que exatamente está deixando você chateado agora?”, “como você acha que podemos resolver isso?”, ou “o que você poderia ter feito diferente?” Essas perguntas instigam na criança a capacidade de refletir sobre seu interior e assumir protagonismo emocional na resolução de suas questões.

  4. Desapegue do desejo constante de proteger emocionalmente.

    Aceite que, de vez em quando, nossos filhos precisam enfrentar emocionalmente pequenas frustrações e dificuldades para que cresçam maduros e fortes emocionalmente. Proteger demais não ajuda na construção de maturidade emocional, muito pelo contrário.

Vamos refletir um pouco juntos?

Que tipo de relacionamento emocional você tem incentivado em sua casa? Será que temos dado espaço real para nossos filhos sentirem tristeza, raiva, frustração, ou estamos tentando acabar com esses sentimentos antes mesmo que apareçam?

Lembre-se: Suprimir emoções negativas nunca faz com que desapareçam de fato. Por outro lado, enfrentá-las aberta e autenticamente pode preparar os filhos para uma vida muito mais equilibrada, resiliente e emocionalmente saudável.

Gostaria de ouvir sobre suas experiências também: você já percebeu situações em que seu filho teve dificuldade de se expressar emocionalmente? Como vocês lidam com emoções difíceis na família?

Deixe um comentário abaixo e vamos conversar mais sobre isso! Afinal, juntos compartilhamos dúvidas, caminhamos lado a lado e crescemos como pais e seres humanos, todos os dias.

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