Criança madura não é criança obediente
Muita gente acha que criança obediente é criança saudável. Mas, na prática, isso pode ser só um sinal de que ela aprendeu a agradar às custas do que sente. Algumas seguram o choro, escondem a raiva e tentam não incomodar, porque acreditam que isso é amar.
Só que, pra amadurecer de verdade, a criança precisa aprender a ser ela mesma. Isso quer dizer: ter opinião, fazer escolhas, sentir e expressar o que sente, mesmo que o outro não goste. Isso é diferenciação.
Mas o que é diferenciação, e por que ela é tão importante?
Michael Kerr, psiquiatra americano, explica dois tipos:
Diferenciação funcional: a pessoa “funciona” bem, desde que tudo esteja calmo. Se o ambiente muda, ela perde o eixo.
Diferenciação básica: é o alicerce. A pessoa sabe quem é. Sente raiva sem se descontrolar, tristeza sem afundar, amor sem se apagar.
Quem tem diferenciação básica não vive se moldando para agradar. Pensa, sente e decide sem se perder no outro.
Quando tudo parece bem… mas não está
Muitos adultos parecem fortes. Trabalham, cuidam da casa, mantêm uma vida em ordem. Mas, basta uma crise no casamento ou uma demissão e tudo desmorona. Se jogam no celular, nas compras, na bebida, ou em qualquer forma de compensar. Qualquer distração vira consolo.
Não é falta de força. É um tipo de imaturidade emocional, tão comum que quase passa batido. Falta um “eu” que segure firme quando a dor vem.
Vício não é fraqueza. É falta de base e de vínculo emocional
Vício não é preguiça. Também não é má vontade ou falta de caráter. É uma tentativa desesperada do corpo de escapar da dor quando não há outro caminho.
Quase todo vício tem por trás:
- Falta de controle de impulso
- Baixa autoestima
- Sensação constante de vazio
- Falta de identidade clara
- Dependência emocional dos relacionamentos
É como uma planta que não cresce porque o solo tá pobre. O problema não é a planta, mas sim, o que a nutre.
E o que a infância tem a ver com isso?
Tem tudo a ver.
Maturidade emocional nasce quando a criança é vista, aceita, escutada. Quando ela pode sentir e errar, sem perder o amor dos adultos. Quando ela não precisa ser boazinha o tempo todo pra ser querida.
Quando isso não acontece, ela cresce carente. Aprende a viver pelo olhar do outro. E qualquer rejeição vira um buraco sem fundo.
Recuperar não é parar. É crescer
Tirar a droga, o celular, o parceiro tóxico… tudo isso ajuda. Mas não resolve. O que cura é crescer. Criar raízes dentro. Aguentar a tristeza sem correr. Suportar o vazio sem fugir dele.
Esse caminho não é fácil. Mas é o único que leva a uma cura real.
E você?
Você sabe quem é, mesmo quando o outro desaprova? Ou ainda sente que precisa se moldar, pra não perder o amor de ningúem?
