O Algoritmo das Redes Sociais
Toda vez que você abre o Instagram, YouTube, TikTok ou outra rede social, existe uma inteligência artificial escolhe, dentre milhões de conteúdos, quais serão mostrados para você.
Essa seleção é feita com base no seu perfil, nas suas preferências e nos seus hábitos de uso. O objetivo é tornar a experiência de uso a mais agradável possível, mantendo você interessado o maior tempo possível diante da tela.
Mas como exatamente isso acontece é um mistério até mesmo para as pessoas que trabalham dentro dessas plataformas.
O Valor da Nossa Atenção
Por que as plataformas estão tão interessadas em captar nossa atenção?
A explicação é simples: quanto mais tempo você passa navegando, mais propagandas aparecem na sua tela. Isso permite que as plataformas cobrem cada vez mais por esses anúncios. Ou seja, quanto mais você navega, mais dinheiro elas ganham.
Sua atenção é disputada constantemente por empresas e anunciantes que querem lucrar com o tempo que você passa conectado.
Quando o Concorrente é a Vida Real
Reed Hastings, fundador da Netflix, já disse certa vez que o maior concorrente da plataforma não era outro serviço de streaming. O verdadeiro adversário era algo bem mais básico: o sono.
Quando acaba um episódio, geralmente as pessoas pensam:
“Será que assisto mais um episódio ou vou dormir?”
Essa frase mostra a estratégia dessas empresas. Elas querem fazer você trocar atividades cotidianas importantes (como dormir, sair com amigos ou praticar exercícios) por mais tempo conectado nas telas.
Nesse sentido, podemos perceber que o grande concorrente dessas plataformas acaba sendo nossa própria vida real.
Cada momento conectado é um momento a menos para vivermos experiências significativas fora das redes.
O que Define um Bom Conteúdo?
Como as plataformas escolhem quais vídeos ou posts devem ter destaque?
Essa decisão é feita com base no comportamento dos próprios usuários. O algoritmo entende que um conteúdo é “bom” quando consegue manter o público assistindo ou interagindo por mais tempo.
Mas existe uma armadilha aqui: bom, para a plataforma, não significa útil, verdadeiro ou educativo.
Muitas vezes, conteúdos que geram controvérsias ou emoções negativas são mais eficientes para prender atenção do que conteúdos realmente construtivos ou esclarecedores.
No fim das contas, para o algoritmo, a definição de bom conteúdo é simplesmente aquele que traz lucro por meio dos anúncios, muitas vezes beirando o antiético.
Histórias sobre isso são encontradas em diversos livros sobre tecnologia e redes sociais.
Como Prender a Atenção das Pessoas?
Pesquisadores já realizaram testes criando contas novas para observar como os algoritmos sugerem novos conteúdos. Eles perceberam algo importante:
Quanto mais fortes são as emoções geradas por um conteúdo, maior o engajamento dos usuários.
Emoções intensas fazem as pessoas comentar, compartilhar e permanecer mais tempo diante das telas. Exemplos claros de conteúdos eficazes para prender nossa atenção incluem:
- Notícias políticas controversas
- Relatos de desastres e tragédias
- Debates acalorados e conteúdos polêmicos
- Jogos, competições e desafios
- Humor intenso, ácido ou satírico
- Especulações, teorias da conspiração e rumores
- Histórias emocionantes e inspiradoras
- Alertas sobre perigos ou ameaças que geram medo ou preocupação
- Vídeos surpreendentes, curiosidades ou revelações inesperadas
Quanto mais fortes forem as emoções, maior o tempo gasto na plataforma e maior o lucro obtido com anúncios.
O Papel dos Influencers
Muitos influenciadores digitais construíram sua relevância exatamente aproveitando esse mecanismo do algoritmo.
Sabendo que emoções fortes prendem a atenção, eles optam por produzir conteúdos que frequentemente não têm compromisso com a verdade ou com a qualidade da informação.
Para esses influencers, o número de seguidores e curtidas funciona como uma validação de sua autoridade no assunto, mesmo que ela não seja realmente legítima.
Assim, mesmo sem conhecimento aprofundado, eles começam a ser vistos como autoridades em áreas das quais entendem pouco.
Nessa busca por relevância, autenticidade e ética acabam ficando em segundo plano. A meta passa a ser apenas crescer, independente das consequências.
O Preço da Fama nas Redes
Conforme ganham popularidade, muitos influencers começam a mudar sua maneira de agir para manter o crescimento constante dos números.
É comum vê-los adotando comportamentos exagerados, polêmicos e até agressivos, na tentativa de manter o engajamento.
A ânsia por novos seguidores muitas vezes supera qualquer limite ético ou moral que existia antes da fama. Agem de maneira diferente em que situações que antes agiam de forma ética sem pensar duas vezes.
Sem perceber, eles passam a desrespeitar até os próprios seguidores, esquecendo que foram essas pessoas que lhe ajudaram a ter a suposta autoridade no assunto.
Até Onde Alguns Influencers Chegam?
É surpreendente ver até onde algumas pessoas são capazes de ir para manter a relevância conquistada nas redes sociais. Alguns comportamentos comuns incluem:
- Gritar, exagerar nas expressões faciais ou na maneira de falar, apenas para atrair atenção.
- Ignorar ou debochar de perguntas e comentários feitos pelos seguidores.
- Usar roupas chamativas ou extravagantes só para causar impacto visual.
- Comentar ou interpretar pesquisas científicas sem o conhecimento necessário, espalhando informações incorretas ou incompletas.
- Criar polêmicas artificiais para aumentar o engajamento momentâneo.
- E até mesmo comprar seguidores falsos, curtidas e visualizações para criar a ilusão de relevância.
No final, essas atitudes têm um custo alto: embora conquistem muitos seguidores, perdem credibilidade e respeito ao longo do tempo, até prejudicando a causa ou a área que inicialmente queriam se dedicar.
