Muitos podem pensar que a deficiência na educação moral das crianças nada tem a ver com seu desempenho escolar, em termos de alfabetização e domínio das ciências, por exemplo. Esta ideia decorre, em parte, da falta de esclarecimento filosófico de muitos pais, professores e governantes do nosso país.
A educação moral está profundamente ligada ao desenvolvimento da capacidade intelectual do ser humano. Crianças que carecem de uma sólida base moral são mais suscetíveis ao desequilíbrio emocional e às deficiências intelectuais, pois dificilmente conseguem encontrar em si mesmas as motivações ideais para se tornarem boas pessoas, antes de se tornarem bons técnicos.
Essa deficiência frequentemente ocorre pela delegação majoritária ou integral da responsabilidade parental de educar à escola. Além disso, o ataque ideológico aos métodos tradicionais de alfabetização afastam o ensino básico dos métodos fundamentados na verdadeira neurociência, favorecendo os índices catastróficos de desempenho escolar obtidos pelo PISA.
O que vemos no Brasil são várias faces do mesmo problema, geralmente tratadas como se fossem uma só. De um lado, crianças mal alfabetizadas e mal instruídas; do outro, adolescentes desprovidos de sentido e propósito, tornando-se jovens cada vez mais desequilibrados, confusos e infelizes, pois só conseguem buscar nas motivações materiais e externas um sentido para sua existência.
É preciso, urgentemente, recuperar o sentido da verdadeira educação, em que o objetivo do ensino é formar, essencialmente, pessoas virtuosas, as quais realizadas em si mesmas, são capazes de encontrar em si mesmas as capacidades e motivações corretas para se tornarem bons profissionais e bons técnicos.