É um erro bastante frequente confundir “erudição” com “inteligência”. Mas é perfeitamente possível ser erudito e ao mesmo tempo inculto, insipiente ou simplesmente “burro”.
O pedagogo francês Jules Payot conta que os maiores tolos que ele já conheceu eram dois licenciados, e um deles tinha, inclusive, duas licenciaturas. Eram tolos porque “se vergavam sobre o fardo do detalhe inútil” sem terem jamais confrontado seu aprendizado com a sua experiência pessoal.
Payot quer dizer que o acúmulo de informações não tem nada a ver com a verdadeira cultura, pois é um ato puramente mecânico no qual não entra em jogo qualquer tipo de pensamento. Ser inteligente, por outro lado, é enfrentar a realidade e ser capaz de modificá-la através das ideias. Nesse sentido, tudo aquilo que desvia o nosso espírito dessa dupla realidade (interna e externa) tende a nos emburrecer.
A verdadeira educação requer, assim, a disciplina severa da sensibilidade. E o autodomínio é condição para tornar a inteligência livre. Para Payot, somente o homem de caráter e retidão pode penetrar nos domínios da verdade. Todos os outros se tornam escravos da preguiça, da dissipação e dos seus apetites e paixões.