Esta é uma das melhores lições que podemos aprender com os epicuristas e estoicistas na filosofia antiga: a importância de viver o presente. Para os epicuristas, os insensatos (a maioria dos homens) são corroídos por desejos insaciáveis, como riquezas, glórias, poder e prazeres desordenados. O que há de comum entre todos esses desejos é que não podem ser satisfeitos agora, no presente.
Assim, os insensatos vivem sempre à espera dos bens futuros, consumidos pela ansiedade e pelo medo de não alcançá-los. Mais tarde, percebem que foi em vão todo o penoso esforço para conquistar essas coisas, das quais não puderam extrair nenhum prazer relevante.
“A vida do insensato é ingrata e inquieta”, diz a sentença epicurista. Está sempre ocupada com o futuro. Mas o segredo da alegria e da serenidade está em viver cada instante como se fosse o último, e também o primeiro. É o exercício de conscientização da finitude da vida que revela o valor infinito do prazer de existir.
“Que a alma encontre sua alegria no presente e abomine a preocupação com o futuro”, diz o verso de Horácio. Ele quer dizer: pode-se ser feliz de imediato, quando aprendemos a limitar com bom senso os nossos desejos.
Tal como os epicuristas, os estoicistas também insistiam, com ainda mais vigor, na necessidade de haver uma transformação radical da atitude humana diante do tempo. Concentrar a atenção no momento presente: “Isto te basta!”, diz Marco Aurélio. E basta tanto para te ocupar, quanto para te tornar feliz.
O presente basta para nossa felicidade, diz Pierre Hadot, porque é a única coisa que realmente nos pertence, que realmente depende da nossa vontade. Logo, é a única coisa que pode ser boa ou ruim. Para todas as outras devemos ser, portanto, indiferentes.