Quem dera fosse a habilidade no futebol ou a conta bancária, não é mesmo? Quem sabe os anseios, as angústias, o estilo de vestir, as dificuldades ou conquistas… Certamente, há algo no seu modo de pensar, sentir e viver que fará os historiadores do futuro identificarem você, nós e o menino Ney como sujeitos de um determinado local, de uma determinada época e de nenhuma outra.
De muitas formas, deixaremos registrada a forma como pensamos e vivemos neste mundo: nas obras de arte, como nas melodias e letras de músicas, na literatura ou no cinema, a mentalidade de nossa época estará impressa. Muitos historiadores recorrem à arte como fonte histórica para estudo de civilizações e sociedades. Isso acontece porque o intercruzamento de elementos simbólicos contidos nas obras de arte possibilita a identificação de aspectos sociais e individuais de um dado momento histórico.
Em torno da iconografia de Debret, por exemplo, produziram-se análises que, tomando como parâmetro a formação francesa do autor e fatos históricos do século XIX, ajudam a compreender dois momentos importantes da história brasileira (a Monarquia e o Primeiro Império), não apenas no que diz respeito à conjuntura política, mas ao modo de sentir e de pensar do homem brasileiro daquele século.
Mas, por que isso é importante? Que valor as fontes históricas da mentalidade humana podem ter em nossas vidas? A grande questão se revela quando nos pomos a pensar: será que existe uma “mentalidade coletiva”? Será que havia algo no modo de pensar e de sentir de Pedro Álvares Cabral que fosse comum ao mais humilde marinheiro do navio que primeiro atracou no Brasil?
Bem, se existia algo em comum entre esses dois sujeitos, é imperioso pensar se existe algo em comum entre você, nós, o Neymar e todos os indivíduos de nossa época que influencia a cada um no seu modo de sentir, pensar e viver. Os pensamentos, ideologias, costumes e até mesmo as atmosferas de compreensão científica englobam formas duradouras de pensar que caracterizam os indivíduos em longos espaços de tempo.
Sem dúvida, a possibilidade de discernir e entender as mentalidades pela História nos oferece, entre outras vantagens, o poder supremo de aproveitar o melhor do homem do passado, de superar o homem do presente e de aperfeiçoar o ideal do homem do futuro.