Segundo a obra de Josef Pieper, as virtudes fundamentais são eixos diante dos quais todo o comportamento humano deve se ater. São linhas mestras da vida virtuosa, que podem ser definidas como hábitos bons, isto é, hábitos mediante os quais escolhemos agir continuamente de maneira boa e correta.
E elas são, sobretudo, uma prerrogativa humana. Diferente de todos os animais, o homem é capaz de associar conceitos e formar ideias, de modo a dominar e conduzir para o bem seus apetites sensitivos.
Houve um tempo em que perseguir as virtudes era um dos objetivos principais da educação. Com o tempo, já por alturas do Renascimento, a lembrança desse conhecimento elevado começou a minguar. A dúvida imperava por todos os lados e o homem ocidental já não estava mais sintonizado com a leitura dos símbolos transcendentais.
Até que, observa Wolfgang Smith, com a revolução copernicana e o desaparecimento da cosmovisão ptolomaica, as percepções mais sutis ficaram quase restritas à esfera religiosa, isolando-se esse tipo de educação do resto da cultura. O resultado foi uma mudança radical na percepção do homem sobre o mundo e sobre si mesmo.
Ao adotar a nova cosmovisão, por trás de toda aparência de “evolução” e “progresso”, sente-se a terrível solidão e a profunda angústia de quem perdeu a sua bússola espiritual. Todos os aspectos ideais da cultura foram relegados à esfera subjetiva e a verdade reduzida à categoria da utilidade.
Restou apenas o útil e o inútil, o agradável e o desagradável. E num mundo onde não existe absolutos nem certezas, somente um conhecimento positivista e sentimentos, o ensino das virtudes parece irrelevante e a felicidade é reduzida a um mero estado psicológico.